terça-feira, 9 de abril de 2013

NEUROMUSCULAR

NEUROMUSCULAR

Então, vamos falar de músculo! Iremos abordar algumas questões básicas e outras mais complexas, que com certeza fazem parte do dia a dia de todos nós. Para começar:  



- O que é um músculo?






- O que é um músculo? O tecido muscular consiste de células contráteis especializadas, ou fibras musculares, que são agrupadas e dispostas de forma altamente organizada. Isto é: O músculo tem a capacidade de transformar energia química em energia mecânica e nos fazer ser capazes de nos movimentar!





O músculo é formado, basicamente assim: Um ventre muscular é envolvido por uma fáscia chamada EPIMISIO. O músculo é composto por conjuntos de fibras musculares (feixes), que são envoltos pelo PERIMISIO. E cada fibra muscular (que em conjuntos formam os feixes) é envolta pelo ENDOMISIO. 

As miofibrilas são o que chamamos de componentes contráteis do músculo, e são formadas por algumas proteínas, dentre as principais: ACTINA E MIOSINA.



Como ocorre a contração muscular?
Pois então, existe mais de uma teoria que tenta explicar como ocorre a contração muscular. É isso mesmo,  não se tem absoluta certeza de como esse processo ocorre, e é por esse motivo que três autores criaram diferentes teorias sobre a contração muscular.




A teoria das pontes cruzadas é a mais aceita, e então é por ela que vamos tentar entender a contração muscular. A teoria das pontes cruzadas segue a ideia de que para haver contração muscular, ocorre o ENCURTAMENTO  das proteínas que foram o sarcômero (unidade contrátil do músculo) .  E como ocorre esse encurtamento? Através das pontes cruzadas. Veja a imagem a seguir:





Os filamentos finos formados pela proteína Actina (em azul) , a troponina proteína globular ( em laranja) e a tropomiosina proteína filamentosa (em preto).
 Os filamentos grossos formados pela proteína miosina  e a titina (não representada no esquema acima, mas é uma proteína importantíssima, que ‘ancora’ o filamento grosso às linhas Z do sarcômero).
Através de estímulos nervosos, acontecem diversas mudanças na célula muscular (para saber detalhes, veja: http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/5Muscular.pdf)  e a proteína Troponina sofre mudanças que afetam a Tropomiosina também, expondo sítios de ligação da Actina, onde a cabeça de miosina é atraída por esse sitio de ligação. Aí se forma a ponte cruzada! Ocorre uma tração entre os filamentos, e um consecutivo deslizar de um filamento sobre o outro. Assim: aproximando as linhas Z, fazendo os diversos  Sarcômeros presentes nas fibras musculares encurtarem e gerarem a nossa famosa CONTRAÇÃO MUSCULAR.
CURIOSIDADE! O que é o “Rigor Mortis?  É nada mais que a falta de ATP para desfazer as pontes cruzadas! A tendênia natural das proteínas manterem-se ligadas de 4 a 24 horas após a morte do indíviduo até que venha ocorrer a desnaturação dessas proteínas.

Mecânica da contração muscular
Relação Tensão-Comprimento diz respeito a força produzida pelo músculo em relação a tensão exercida sobre ele. Em tensões extremas o músculo produzirá menos força. POR QUE ISSO ACONTECE?

Comprimento pequenos (MÚSCULO ENCURTADO) fazem a capacidade de gerar força ser limitada!

Comprimentos muito grandes: dificultam o acontecimento das pontes cruzadas

Comprimento Intermediário: Distância ideal para gerar força  e consequentemente gerar as pontes cruzadas.





Características das Fibras Musculares.
Existem três tipos de fibras musculares. Fibra tipo I, conhecida como fibra LENTA, fibra tipo II a que tem frequência de ativação média, e fibra tipo II x (ou II B) que é conhecida como fibra RÁPIDA.
CONHECER AS DIFERENTES CARACTERÍSTICAS DE CADA TIPO DE FIBRA É ESSENCIAL PARA QUE TENHAMOS NOÇÃO DE QUE TIPO &INTENSIDADE DE EXERCÍCÍO ESCOLHER PARA DETERMINADO OBJETIVO. Treino para velocistas? Treino de resistência? Terapia para reabilitar funções musculares? Pois bem, para começas a pensar em montar qualquer atividade, é necessário termos o conhecimento sobre as fibras musculares. Veja a tabela a seguir:





Exemplos práticos e FUNCIONAIS!
- Músculo mais veloz do corpo humano: Tríceps Braquial. Pois esse músculo não tem necessidade de ser resistente, e sim veloz. Seguindo a tabela acima: hipertrofia ALTA.
- Músculos lentos: tríceps Ural (para nos manter de pé!), eretores da coluna (para nos manter eretos). Seguindo a tabela acima: hipertrofia BAIXA.
-Músculo mais lento e mais resistente? CORAÇÃO!

TREINAMENTO FÍSICO POSSIBILITA SUBSTITUIR UMA FIBRA POR OUTRA? DEPENDE.

As fibras do tipo I não podem ser transformadas em tipo II, pois treinamento físico não tem a capacidade de mudar a inervação de uma fibra. Porém, é possível transformar as fibras do tipo IIA em fibras do tipo IIB, e vice versa. A resposta está no metabolismo. Assunto que discutimos anteriormente. O que difere uma fibra da outra não é basicamente seu metabolismo? Então interferindo no metabolismo é possível mudar as características das fibras de tipo II. Através de treino. Dependendo da distribuição de células de um músculo, diferentes capacidades esse músculo terá. Logo, o treino tem que ser adequado para as capacidades específicas de cada músculo.




 

GENÉTICA

E afinal de contas, tipo de fibra muscular, é genético? SIM! Claude Bouchrd ao comparar pares de  gêmeos heterozigóticos com gêmeos homozigóticos chegou à conclusão que sim! Foi feita uma  biópsia do Músculo Vasto Lateral dos gêmeos homo e dizigóticos e medido o percentual de FIBRA I de cada gêmeo, e  descobriu   que a característica do músculo tem fortes componentes genéticos. É CIENTIFICAMENTE COMPROVADO: O ATLETA NASCE ATLETA. Agora, nos vem o questionamento, saindo um pouco da ciência e entrando no mundo da política, É possível um atleta tornar-se atleta apenas com o fator genético a seu favor???! Com certeza não. Fica aí então a dica para os “olheiros” da Copa do mundo de 2014 e das Olímpiadas de 2016: NUNCA SEREMOS UM PAÍS “TOP” nesses eventos, enquanto dispusermos apenas da genética como fator determinante para nossos atletas.

SEM INVESTIMENTO, TREINO, OPORTUNIDADES...



domingo, 7 de abril de 2013

Consumo de O2 e concentração de lactato - Exercício Físico




... Consumo O2 & Exercício Físico.


Voltamos ao assunto de Consumo de oxigênio e exercício físico para completar nossas informações!  Então vamos relembrar:

  Partimos do princípio de que dada uma determinada carga de trabalho para o indivíduo (exemplo: velocidade de uma caminhada ou corrida) quanto MAIOR for o consumo de oxigênio do individuo mais eficiente é  a execução do exercício, OU SEJA, mais rápido o indivíduo é capaz de adaptar seu metabolismo àquela determinada carga de trabalho. ADAPTAÇÃO: o que acontece até que o individuo consiga se adaptar a demanda energética  do exercício? Vamos ver!

O teste retangular submete o individuo a uma carga fixa por um determinado tempo, e assim, é possível verificar como o consumo de oxigênio responde nessas circunstancias. Vamos exemplificar: Uma pessoa, correndo a 12 km/h é submetida a uma velocidade de  17 km/h por um dado intervalo de tempo.

 

Área Hachurada vermelha do gráfico: Déficit de Oxigênio.
Área Hachurada verde do gráfico: EPOC de oxigênio

POR QUÊ ELE OCORRE?  O consumo se oxigênio não responde instantaneamente a uma mudança de carga! Pois o organismo necessita de certo tempo para adequar sua atividade metabólica à nova demanda energética, que no nosso caso é o aumento de velocidade!

Quando atingimos o Déficit de Oxigênio? No início do exercício, quando sentimos aquele cansaço inicial e temos a sensação que não conseguiremos continuar... Todos já sentimos isso, não?! Pois é.. é nesse momento que nosso organismo entrou em déficit de oxigênio: é uma forma de nos adaptarmos a nova demanda energética. Então nos perguntamos...

Porque  conseguimos continuar com o exercício?

1º) Ao passo que entramos no déficit de oxigênio, outras vias são ativadas: Vias Anaeróbias “substituem” a reposição de O2, ou seja, a  concentração de Lactato, aumenta durante o déficit de oxigênio!

2º ) O déficit de oxigênio cessa, pois conseguimos estabilizar o sistema aeróbio, é o que chamamos de Segundo fôlego. Por isso, quando estivermos nos exercitando, devemos lembrar: Não devemos desistir quando sentimos aquele cansaço inicial... “É só esperar nosso organismo atingir o ‘Segundo Fôlego”!


 DÉFICIT DE OXIGÊNIO DEPENDE DO QUE?! São 3 as variáveis essenciais:

- Variação da CARGA imposta no exercício, a carga em que o indivíduo se encontra e  sua condição física! Como essas variáveis se relacionam?

 
E as linhas verdes do gráfico, EPOC (excesso de consumo de oxigênio pós exercício): o que representa? Exatamente o oposto da linha vermelha, representa o EXCESSO de oxigênio.  Assim como demoramos a adaptar nosso consumo de O2 quando aumentos a carga de nosso exercício, também é necessário um tempo para adaptar o consumo de O2 quando diminuímos essa carga, afinal de contas, como já dissemos antes: O consumo se oxigênio não responde instantaneamente a uma mudança de carga!


Depois de entendido o que significam os termos DÉFICIT DE OXIGÊNIO E EPOC, podemos chegar a uma conclusão: QUANTO MENORES ELES SÃO, MAIS BEM TREINADO AERÓBICAMENTE É O INDIVÍDUO!

  
Exercício Físico e Lactato


Anteriormente discutimos algumas relações entre oxigênio (VO2) e exercício físico. Resta-nos agora falar sobre outra fonte de energia: O Lactato.  Antes de qualquer coisa, vamos esclarecer alguns pontos.


O que é Lactato? “O lactato é um sal, derivado do ácido lático. Este, por sua vez, é um subproduto da quebra de glicose para obtenção de energia.”


Como é formado?  É formado a partir da quebra da glicose. GLICOSE -> 2 PIRUVATOS -> 2 LACTATOS

  
  Como se dá a concentração do lactato em comparação a um ‘trabalho’ exercido? Veremos um exemplo da cinética do lactato em teste de carga progressiva.




Limiar: são intensidades!


Áreas do gráfico:


·         Antes do 1º limiar:  é a área sub aeróbia (individuo submetido a intensidade baixa, intensidade claramente aeróbia/oxidativa).  Essa área está abaixo do estímulo necessário para gerar adaptações aeróbias.


·         Entre 1º limiar e 2º limiar: é a chamada área aeróbia,  onde ocorrerão adaptações em resposta à carga basicamente  aeróbias.  Quanto  mais próxima do 1º limiar, o individuo treina  Aerobio Extensivo: Aerobio de longa duração, que produz  adaptações metabólicas como: Aumento densidade mitocondrial, aumento de capilarização e aumento de atividade enzimática oxidativa.  Quando for mais próxima do 2º limiar, o individuo treina Aerobio Intensivo, onde serão produzidas  adaptações cardíacas que melhorarão a capacidade cardíaca do indivíduo.


·         2º limiar: Área anaeróbia. As adaptações em resposta à carga  serão anaeróbias: aumento de massa muscular, aumento da tolerância a acidose, aumento da capacidade tamponante do hidrogênio. 

  
Atenção! Não necessariamente por melhorar a função cardíaca o paciente cardiopata deve começar trabalho de força na área Aerobia Intensiva, pois se isso acontecer o paciente entrará rapidamente em fadiga periférica.  O correto é começar em intensidades baixas para gerar adaptações metabólicas que evitem a fadiga.


Sobre a cinética do lactato: Podemos dizer que é uma cinética única, ela ocorre do MESMO jeito em indivíduos atletas e indivíduos sedentários! O comportamento  da curva de concentração de lactato de comporta da mesma maneira.