segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sistema Endócrino - Parte Um

Depois de finalizada a parte de neuromuscular, começaremos com Endocrionologia. Como o assunto é extenso, dividiremos o assunto em três partes. 


 ENDOCRINOLOGIA & NEUROHIPÓFISE E ADENOHIPÓFISE
Sempre que pensar em endócrino, nunca siga apenas o pensamento de que estuda as glândulas, pois há todo um eixo em questão, que é levado em consideração. Isso quer dizer que a endocrinologia não estuda uma única coisa, mas sim o que ocorre com o corpo na liberação de hormônios. O eixo em questão é o seguinte


Para questões didáticas, dividiremos o assunto em várias partes, mas tentando sempre fazer relações.

Eixo hipotálamo-hipofisário:

O hipotálamo e a hipófise, que se encontram na base do cérebro, se relacionam por duas formas: um sistema de comunicação a partir de tratos neuronais, com a NEUROHIPÍFISE. E outro sistema vascular, que se chama sistema Porta-hipofisário, com a ADENOHIPÓFISE.



NEUROHIPÓFISE:
Os tratos neuronais mais importantes são: o Trato da Ocitocina e do ADH. E o sistema de formação desses hormônios fica no Hipotálamo, nos corpos neuronais hipotalâmicos. Porém, não são secretados no hipotálamo, e sim na Hipófise.

Falando primeiramente sobre a Ocitocina, que não tem uma relação muito grande com a realização de exercícios: uma das suas funções é atuar na ejeção do leite durante a amamentação. Funcionando da seguinte forma: no momento em que o bebê succiona o mamilo, existe um reflexo que vai ativar a secreção de ocitocina, havendo uma contração dos cornetos mamários, (onde está o liete) e acontece então, a ejeção do leite. A não produção de ocitocina pela mãe prejudica o bebê, pois ele precisa dessa ejeção do leite, e sem ela o leite escorre pela mama, fazendo com que o bebê não consiga mamar.

A Ocitocina também age no útero, produzindo contrações uterinas vigorosas proporcionando a expulsão do bebê na hora do parto. No momento do parto, os níveis de Ocitocina aumentam na mãe, então começam as contrações ritmadas forçando o bebê a sair. No caso da mãe não ter contrações por falta do hormônio, simplesmente injeta-se ocitocina.  O Grande problema é quando há contração, mas não há dilatação do colo do útero, as contrações dentro do útero então podem prejudicar o bebê. Em últimos casos se parte para uma cesárea de emergência.

Partindo agora para o hormônio ADH (Hormônio Antidiurético ou Vasopressina), que agora esse sim tem uma relação com o exercício. Ele reabsorve água pela regulação de aquaporinas (canais de água) nos túbulos contorcidos distais do rim, estimulando a captação de água. Porque o rim primeiramente filtra o sangue, produzindo um filtrado, na ordem de 180 litros de filtrado por dia. Mas nem todo esse filtrado se converte em urina, então a maior parte é reabsorvida, em torno de 178 litros. Portanto, no aumento de aquaporinas, aumenta a quantidade a água reabsorvida. O estímulo para secreção desse hormônio é a osmolaridade plasmática. Quanto maior a osmolaridade, maior a secreção de ADH. No caso de um exercício, há desidratação, tanto por sudorese, quanto por respiração. Ocorre hemoconcentração (concentração do sangue aumenta), a osmolaridade do sangue aumenta, desidrata a célula, tendo como resultado uma maior secreção de ADH, mais reabsorção de água, urina mais concentrada. Isso acontece pois durante um exercício já perdemos muito líquido por sudorese, então é preciso conservar a água, e um desses meios é produzindo menos urina.

Por mais que haja uma relação do ADh com o exercíico, ela não á tão direta, pois podemos desidratar mais em uma condição de repouso do que em um exercício, desde que seja um ambiente quente o suficiente. E se enquanto estiver realizando um exercício, estiver fazendo uma boa ingesta de água, a secreção de ADH também diminui.

Importante: Álcool inibe secreção de ADH, então se tem diurese, por isso a sede após ingerir álcool. E quanto maior a quantidade álcool, mais diurético é. Portanto ÁLCOOL NÃO SERVE COMO REIDRATANTE.

ADENOHIPÓFISE:                                                             
O hipotálamo produz hormônios que vão agir sobre a hipófise, e essa por sua vez produzirá outros em resposta. São os hormônios RH (hormônios de liberação): GnRH, GhRH, TRH, CRH.


  • GnRH: homônio de Liberação das Gonadotrofinas. Acontece o seguinte: o hipotálamo produz o GnRH, que cai na corrente sanguínea pelo sistema Porta, e estimula a hipófise a secretar LH e FSH (Hormônios Luteinizante e Filículo Estimulante, respectivamente);
  • GhRH: hormônio de liberação do GH (hormônio de crescimento);
  • TRH: hormônio de liberação da Tirotrofinas (TSH, hormônio estimulante da titróide);
  • CRH: hormônio de liberação das corticotrofinas (ACTH, hormônio Adenocorticotrófico, que estimula a Adrenal a secretar os seus hormônios).
É por isso que o eixo hipotálamo-hipófise é o sistema central, pois se pensarmos em célula alvo:

LH e FSH = age sobre as gônadas, estimulando testosterona, progesterona, estrógeno.
GH = age sobre todo o corpo, tem uma ação sistêmica.
TRH = age sobre a tireoide para essa produzir T3 e T4.
CRH = age sobre o córtex da Adrenal, para secretar corticoides (principal deles é o cortisol).

APROFUNDANDO CONHECIMENTOS SOBRE O GH:
- relacionado com o crescimento, estimulando a síntese de proteínas, estimula catabolismo de gorduras e carboidratos.
- Na infância ele estimula crescimento dos tecidos, na maturidade ele permanece quase nos mesmo níveis, decaindo consideravelmente na terceira idade.
- Uma criança que tenha hipossecreção de GH, sofre de um tipo de nanismo, sofrendo um déficit de crescimento, e se detectado a tempo a solução são as injeções de GH. Então esse criança poderá ter um nível de crescimento perto do normal.
- Já uma criança que apresentar hipersecreção de GH terá um caso de gigantismo (2,10m, 2,30m). Caso esse que é mais complicado, porque a solução seria ou utilizar uma droga que bloqueasse o GH, que são ineficientes, ou teria que realizar uma cirurgia de ablação da glândula, e por sua localização seria uma cirurgia bem complicada.

GH em condições normais: Há variações ao longo do dia, dependendo do seu estado de atividade, e há, principalmente, um aumento muito importante no período de sono, em especial, no período de sono mais profundo (conhecido como sono REM, momento dos sonhos). E durante o sono, há vários momentos de sono REM, e a qualidade dele depende de quantas vezes e por quanto tempo se tem esses períodos de sono profundo. Sem esse aprofundamento do sono, não há essa elevação de GH. E a função desse aumento de GH durante o sono é reconstituir todas as energias gastas durante o dia, com atividade, estresse. Entretanto, o sono REM depende de outros fatores também, como o escuro, que por sua vez tem relação com a Glândula Pineal, que tem relação com a melatonina. Esse é o sistema que controla o nosso ciclo Claro – Escuro, que interfere na secreção de melatonina, que afeta a qualidade do sono e a respostas a partir disso. Portanto, um ambiente escuro é fundamental para ocorrer a secreção de melatonina, que desencadeia a secreção de GH. Ingerir muita bebida alcoólica abole o sono REM. Assim como a luz também afeta


Imagem que representa a ativação da glândula pineal e a liberação de melatonina. 

GH com relação ao exercício: os níveis de GH vão aumentar na realização de um exercício. Não imediatamente após o inicio, mas um pouco tardio (entre 15 a 30 min para começar a aumentar). E quanto maior o nível de intensidade do exercício, maior a secreção do hormônio. Isso causa outros efeitos, como a estimulação do fígado a secretar IGF 1, 2... (Fator de crescimento semelhante a insulina). Isso porque a meia vida do GH é de 1 a 2 horas, e a meia vida do IGF é de 6 a 8 horas, ou seja, a secreção de GH estimula o fígado a produzir IGF, e esse sendo o principal agente anabólico vai se manter na circulação por mais tempo, estimulando a síntese de proteínas. O GH é também utilizado como recurso ergogênico, ou seja, usado para aumentar massa muscular. Podendo causar problemas, por ter ação diabetogênica (pode acontecer um pico glicêmico/insulínico, com baixos níveis de glicose no sangue). Também estimula crescimento ósseo, em adultos em ossos chatos e curtos, como mãos, pés e crânio, então as mãos e pés crescem. Mandíbula e ossos do crânio crescem, chamando-se de acromegalia. Já, na terceira idade, há estudos que dizem que é benéfico o uso de GH, pois nessa idade os níveis de GH já estão caindo.


HORMÔNIO HIPOTALÂMICO DE FUNÇÃO SISTÊMICA: BETA ENDORFINA
Endorfina: opióide endógeno (derivado do ópio produzindo internamente).


Opióides comercializados:













A relação da Beta endorfina com o exercício: Causa um aumento de secreção desse hormônio, principalmente em intensidades maiores do que 50% de VO2 máximo, e maior do que 30 minutos. A Beta Endorfina é derivada de uma molécula maior, a  POMC(Pró Opiomelanocortina). O efeito da beta endorfina é a sensação de relaxamento. A repetição sistemática de exercícios, causa a dependência de Beta Endorfina, exatamente da mesma forma do que o uso dessa medicação provoca. Esse quadro recebe um nome, os “corredores obrigatórios”. Podendo causar um quadro de síndrome de abstinência nas pessoas que não conseguem realizar os seus exercícios diários, causando mudança de humor, ansiedade, nervosismo, aumento de frequência cardíaca e pressão arterial, em alguns casos sudorese excessiva e tremores.

HORMÔNIOS DA ADENOHIPÓFISE

TRH – hormônio de liberação da tireotrofina, que age sobre a hipófise para secretar TSH, Hormônio estimulante da Tireoide, que por sua vez secreta T3 e T4. T3: triiodotironina e T4: tiroxina





- os hormônios da tireoide estão relacionados com taxa metabólica, isto é, um aumento desses hormônios, aumenta a atividade metabólica.

E qual seria a doença da tireoide relacionada a isso? BÓCIO ENDÊMICO
Que tem uma relação com a estrutura molecular do hormônio. Acontece uma hipertrofia da tireoide acompanhado de hipotireoidismo (por causa da falta de iodo), fazendo com que a glândula não consiga formar T3 e T4. E o fato de ser endêmico significa que é restrito a alguma área geográfica.

Relação dos hormônios da tireoide com exercícios: os níveis, em repouso, são constantes, até o momento de realização de um exercício, onde ocorre um aumento dos hormônios da tireoide. Justificando um aumento de consumo de gordura, carboidrato. Entretanto, nota-se algo estranho no término do exercício, ocorrendo uma queda nos níveis de T3 e T4, mas essa vai abaixo dos níveis normais de repouso (por até 3 horas após o exercício). E depois disso ocorre o efeito rebote, levando os níveis desses hormônios de novo a aumentarem, agora em menor quantidade, para só depois estabilizar. Como se existisse um efeito rebote/elástico. E quanto mais intenso for o exercício, mais aumenta os níveis de T3 e T4.
 
 
Níveis de T3 e T4 em relação a ingesta calórica & gasto energético

 


Esse gráfico nos auxilia a entender qual o efeito que o exercício tem sobre uma dieta alimentar. Nosso organismo tende a equilibrar tudo o que entra com tudo o que sai. Por exemplo: quando fazemos uma dieta, a ingesta calórica diminui e nosso organismo reage a isso tentando nivelar o gasto calório à essa queda da ingesta. COM O EXERÍCIO FÍSICO, esse quadro muda, poisa: nos niveis de T3 e T4 aumentam, fazendo com que  o gasto calórico seja maior do que a ingesta, possibilitando assim, o emagrecimento. Essa é a explicação fisiológica de porque nem só dieta nem só exercício auxiliam o amagrecimento, mas sim, os dois juntos!