Para
finalizar (por hora) a nossa discussão sobre MÚSCULO, vamos falar
de um assunto que todo mundo já conhece e que repercute bastante:
ALONGAMENTO. O que é? Para que serve? Tem algum risco? Vamos ver!
Alongar:
estirar as fibras musculares. Mas para que serve o alongamento? O
alongamento tem três principais funções, são elas: treinar
Flexibilidade, relaxamento e aquecimento. O alongamento trabalha
funções diferentes conforme sua INTENSIDADE. É esse fator que
determina qual será o efeito do alongamento. Vejamos:
Flexibilidade:
Capacidade de realizar movimentos em determinadas amplitudes.
Portanto, quanto mais amplitude de movimento (ADM) maior a
flexibilidade. A flexibilidade é uma valência física, e por
tanto, pode ser TREINADA, mas para treinar flexibilidade, devemos
saber que ela depende de alguns fatores, como:
Mobilidade
Articular – Existem articulações que graças as suas
anatomias são muito mais móveis do que outras. Exemplo: Cotovelo e
Ombro. Na articulação do cotovelo é possível realizar dois
movimentos: flexão e extensão, e além disso, é limitada por
elementos ósseos, ligamentares e musculares, Já na articulação
do ombro, podemos realizar movimentos multiaxiais, isto é,
movimentos em torno de vários eixos: flexão e extensão, abdução
e adução e circundução.
Elasticidade
Muscular – Músculos mais elásticos tendem a se estirar mais e
gerar maior flexibilidade.
Massa
adiposa/muscular - Músculos muito hipertrofiados e acúmulo de
massa adiposa afetam a amplitude de movimento, e por consequência,
afetam a flexibilidade. Nas figuras abaixo exemplos de como a massa
muscular ( a esquerda) e como a massa adiposa ( a direita) podem
influenciar na flexibilidade.
Elasticidade
da pele - Idosos que perdem a elasticidade da pele, tendem a ter
a amplitude de movimento diminuída. Dos fatores expostos acima, os
que mais contribuem para a ganho de flexibilidade são os dois
primeiros, e por isso vamos falar um pouco mais sobre eles.
É
possível treinar mobilidade articular, ou seja, ganho de ADM? Sim.
Mas a fase do desenvolvimento em que o indivíduo se encontra
definirá o tamanho desse ganho, As crianças são as mais
suscetíveis a esse tipo de treinamento, por vários motivos como:
Epífises osseas não consolidadas assim como a calcificação ossea,
e assim, é possível moldar, de forma mais eficaz, as estruturas
articulares.
A
articulação do quadril (coxofemoral) é uma das mais trabalhadas.
Para gerar uma maior amplitude de movimento, a articulação do
quadril é trabalhada no sentido de melhor acomodar o fêmur sobre
seu acetábulo, tornando, por exemplo, o acetábulo mais raso. PORÉM:
todo esse trabalho sobre a articulação vem acompanhado de reforço
muscular que acompanha essa articulação!
Como
mencionado anteriormente, para trabalhar flexibilidade devemos levar
em conta o fator elasticidade muscular. Mas, o que é ELASTICIDADE?
“elasticidade é a capacidade de uma estrutura se esticar e se
comprimir tendo a capacidade de retornar a sua posição original”.
Como
treinar elasticidade muscular? Modificando o NÚMERO de sarcômeros
da fibra muscular. Lembram do sarcômero? Discutimos suas organização
na primeira postagem referente a musculo. E como o número de
sarcômeros influencia na elasticidade? Da seguinte forma: Uma fibra
muscular terá sua elasticidade aumentada quando os sarcômeros em
série aumentarem de número. (SIM! São os sarcômeros em série que
alteram a elasticidade muscular e não os sarcômeros em paralelo).
Observando
a figura acima, quando houver a contração muscular (momento em que
as linhas z se aproximam) o músculo que tiver mais sarcômeros em série terá maior capacidade elástica em relação ao músculo que tiver mais sarcômeros em paralelo. Esse movimento de comprimir
e esticar durante a execução de determinado movimento é chamado
excursão fisiológica. Se o aumento “sarcomérico” for no
sentido paralelo, a miofibrila terá seu comprimento DIMINUÍDO, e
consequentemente, seu potencial elástico diminuído.
Como
sabemos se o treino de força produzirá um aumento de sarcômeros em
série ou em paralelo? Simples, pela excursão fisiológica do
movimento. Se a execução do movimento for realizada na excursão
fisiológica normal do segmento, o número de sarcômeros aumentará
em série. O que ocorre com um exercicío de hipertrofia malfeito? A
pessoa executa o movimento em uma excursão fisiológica diminuída,
e assim, provoca o crescimento do número de sarcômeros em paralelo.
OU SEJA: TREINAMENTO DE HIPERTROFIA RESULTARÁ EM PERDA DE
ELASTICIDADE MUSCULAR APENAS DE FOR REALIZADO DE MANEIRA ERRADA!
Outro
fator que também influencia na elasticidade muscular ( e por
conseguinte, na FLEXIBILIDADE) é a chamada Viscosidade
Sarcoplásmatica, quanto MENOR a viscosidade do sarcoplasmas que
envolve o músculo, maior será a sua flexibilidade. Mas o que é
viscosidade? Viscosidade é o índice de atrito que as móleculas de
determinado meio aplicam entre si. Sabemos que quanto mais aquecido
esse meio, menos atrito é gerado pelas moléculcas. Logo: quanto
mais aquecida a musculatura se encontra, menos viscosidade e mais
flexibilidade. Exemplo prático: tente fazer um exercício que
trabalhe sua flexibilidade no verão e faça o mesmo exercicío no
inverno. No verão o resultado será muito melhor. Se fossemos
montar uma equação com essas três variáveis, a viscosidade e a
flexibilidade seriam as componentes inversas, quando aumentamos uma,
diminuímos a outra.
TIPOS
DE ALONGAMENTO
Para
treinar flexibilidade usamos alongamento. Mas que tipo de
alongamento? EXISTEM DIVERSOS TIPOS DE ALONGAMENTO! Vamos falar dos
mais recorrentes.
Tipos
de alongamento em relação aos arcos reflxos:
ALONGAMENTO
ESTÁTICO
|
ALONGAMENTO
BALISTICO
|
FNP
|
Ativa
reflexo miotático inverso.
|
Ativa
reflexo miotático.
|
Inibi
reflexo miotático e ativa reflexo miotático inverso.
|
Alongamento
balístico: Alongamento com insistência, consiste em uma
sequência de repetições insistidas, ativa o Reflexo Miotático.
Alongamento
estático: Alongamento que gera tensão muscular. É realizado
um alongamento balístico e permanece nele, estaticamente, sem forçar
repetições, ativa o Reflexo miotático inverso. Quanto mais tempo,
mais ativado o reflexo, mais relaxa musculatura.
FNP:
Facilitação neuro muscular proprioceptiva. Essa técnica utiliza a
contração da musculatura a ser alongada para potencializar esse
alongamento. Na posição de alongamento do musculo alvo, faz-se uma
contração contra alguma resistência e em seguida alonga-se o
músculo. Aquela contração provoca uma inibição do reflexo
miotático por inibir o fuso muscular e potencializa o efeito do
reflexo miotático inverso ao estimular o OTG!
Indicações:
Para
relaxamento: alongamento estático.
Para
aquecimento: inicia com alongamento estático depois troca para
alongamento balístico.
ATENÇÃO:
alongamento pré exercício faz potência muscular cair.
E agora para finalizar: adaptação da contração muscular durante o exercício. É DIFÍCIL CONSEGUIR REALIZAR UM EXERCÍCIO QUE CONTENHA UM ÚNICO TIPICO DE CONTRAÇÃO, PORQUE? Por um fenômeno chamado CO CONTRAÇÃO => Contração reflexa da musculatura antagonista do movimento que está sendo executado. Ou seja, por exemplo, numa extensão de cotovelo, o músculo bíceps braquial é estirado, quando isso ocorre o reflexo miotático é ativado, provocando uma leve contração desse músculo. Esse efeito de co contração tem o objetivo de estabilizar a articulação durante a execução do movimento. Quanto mais treinado for o indivíduo para fazer o gesto a ser realizado, menos co contração ocorre, por que de certa forma, a co contração é um evento que freia o movimento a ser executado.
METABOLISMO
NAS DIFERENTES CONTRAÇÕES MUSCULARES.
Como
reage o Consumo de oxigênio e a concentração de lactato durante
exercícios com diferentes tipos de contração?
Analisando
os gráficos acima, podemos entender que:
- Tanto consumo de oxigênio quanto consumo de lactato são menores no trabalho excêntrico.
- A
demanda metabólica/gasto
energético do trabalho excêntrico é menor.
- Logo: a carga máxima de trabalho na contração excêntrica é maior.
A
JUSTIFICATIVA É MERAMENTE MECÂNICA.
A
fibra muscular é composta por sarcômeros e elementos elásticos.
Na contração concêntrica: diminui comprimento do sarcômero e
dos elementos elásticos. Excêntrica: Os componentes elásticos
distendem, e com isso demandam menos energia do que na contração
concêntrica,isto
é: diminui o trabalho das estruturas
contráteis. O sistema é mais ECONÔMICO, devido a mecânica da
contração excêntrica.
Porém!
O trabalho excêntrico tem suas desvantagens.
Ck
total: mede os niveis de Ck MM – Musculatura esquelética, CK MB –
musculatura cardíaca, - CK BB – cerebral.
Os
níveis de Creatina ,Kinase, mioglobinas e tropononina sanguineas
aumentam! Isso corresponde a que: LESÃO MUSCULAR! Tanto a Ck,
quanto a mioglobina e a troponina são estruturas musculares, se elas
se encontram no sangue significa que houve rompimento de células
musculares. Conclusão do gráfico: a contração excêntrica resulta
em muito mais lesões musculares do que a contração concêntrica.
Efeito
desses microtraumas: DMT – DOR MUSCULAR TARDIA.
Causada
pelo processo inflamatório consequente dos microtraumas que a
musculatura sofre durante o trabalho excêntrico, quanto maior for
esse trabalho, mais DMT apresentará o indivíduo.