PÂNCREAS
Tanto
exócrino como endócrino. Mas falaremos um pouco apenas da parte endócrina nesse
momento. Parte essa é fundamentalmente centrada nas Ilhotas de Langerhans, onde
se encontram as células Alfa (secretam glucagon), células Beta (secretam
insulina) e as células Gama (secretam somatostatina).
-
Insulina: ativa a translocação de GLUT 4, por uma via de sinalização
intracelular, dessa forma estimula a captação de glicose. Além disso ela
estimula a síntese de proteínas e também a síntese de triglicerídeos, pela via
da lípase lipoproteica.
-
Glucagom: estimula a glicogenólise, ou seja, a quebra de glicogênio de forma a
liberar glicose para a corrente sanguínea, mas ao mesmo tempo estimula a lipase
hormônio sensitiva, estimulando a quebra do triglicerídeo e a disponibilização
de ácidos graxos livres na corrente sanguínea.
Agora,
como esses dois hormônios e o nível de glicemia se comportam em um indivíduo
normal em condições de exercício?
Explicando o gráfico da relação com a glicemia:
- O
indivíduo treinado terá a sua via Lipolítica mais ativa, então usará mais
ácido graxo para a geração de energia, poupando glicose. Por isso o seu
nível de glicemia não diminui, e se mantém quase constante. Já o indivíduo
destreinado, usará mais glicose na realização do exercício.
- Os
níveis de glucagom aumentam mais no indivíduo destreinado pois como a
glicemia está baixando, o glucagom aumenta com o intuito de quebrar mais
glicogênio e suprir as energias.
- O
exercício aumenta a sensibilidade de captação de insulina e a translocação
de GLUT 4 para uma via independente de insulina. E é por
isso também que os níveis de secreção de insulina caem. Então a captação
de glicose não ocorrerá pela insulina, e sim por uma via independente
dela.
O que parece é que a resposta do indivíduo treinado é mais atenuada, não
muda bruscamente. E por que isso acontece? Porque o indivíduo treinado utiliza
mais e melhor gordura, “poupa” carboidrato.
Em uma relação de intensidade do exercício, os níveis de glicemia sobem
um pouco, mas depois tendem a cair. E é preciso tomar cuidado com isso, pois
pode-se chegar a hipoglicemia.
Mas como se determina a hipoglicemia? Normalmente acontece
em condições de jejum. Mas não tem um valor exato, pois depende de cada
indivíduo, baseado em sintomas, definida por critério clínico. E quanto mais
sedentária for a pessoa, maior é o risco de hipoglicemia.
E como seria essa relação em indivíduos com diabetes?
DIABETES:
Melitus e Insipidus, que são completamente diferentes um do outro. O que
possuem em comum é a poliúria (muita urina), a polidipsia (muita sede), e a
polifagia (come muito).
- Insipidus: falta de ADH (hormônio antidiurético), tem uma incapacidade de
produção desse hormônio. É o menos frequente dos tipos de diabetes.
- Melitus: alta glicemia, e se difere em tipo I e tipo II.
- um Caso curioso do tipo II: o
sistema de controle da glicemia e da secreção de insulina é baseado na própria
glicemia, então quando a glicemia sobe, se estimula a secreção de insulina,
quando a glicemia cai, se estimula a secreção de glucagom. Então, em um
paciente hiperglicêmico e que apresenta resistência a insulina, o que acontece
é que a hiperglicemia estimula o pâncreas a secretar insulina, essa não
consegue exercer a sua função adequadamente, pois a glicemia continua alta. E
com essa glicemia ainda alta, o pâncreas continua sendo estimulado a secretar
insulina, e a consequência disso é um quadro de hiperinsulinemia. Outro fator
que a insulina afeta é a via simpática, então a pessoa passa a ter uma
atividade simpática aumentada, levando a uma frequência cardíaca alta e
principalmente um aumento na pressão arterial. Ao longo dos anos a pessoa pode vir a induzir a falência pancreática, pelo fato
de o ter utilizado muito. Então o paciente passa a necessitar a aplicação de
insulina.
Relação
exercício com o diabético:
-
aumenta a sensibilidade dos receptores de insulina
-
aumenta a translocação de GLUT 4
-
cronicamente (um tempo depois da realização do exercício): a célula produz mais
GLUT 4.
E é
importante ter cuidado com o nível de glicemia do indivíduo antes de realizar
um exercício:
Em
condições de exercícios, para os dois tipos de diabéticos, há uma queda de
glicemia, não importando o exercício. Porém é preciso tomar cuidado com a
hipoglicemia, quando esse nível fica baixo demais. Um cuidado é recomendar que
a pessoa se alimente antes da realização do exercício.
É
importante também observar os sinais de hipoglicemia, como a coordenação
motora, e o melhor é ir testando pela fala, que é uma forma precoce de testar.
Se a fala começar a falhar, tira a pessoa do exercício e dá imediatamente algum
alimento que tenha bastante carboidrato, de resposta rápida, como uma bala ou
biscoito. A faixa
de risco mostrada no gráfico acima: com a realização de um exercício, o que
pode acontecer é o nível de glicemia aumentar ainda mais, pois quando esse
indivíduo está com a glicemia acima de 300 mg/dl, ele dessensibiliza receptores
e o glucagom passa a responder de forma exacerbada, e despeja ainda mais
glicose do que deveria, torando possível uma crise de hiperglicemia.
Há uma
diferença dessa resposta do gráfico acima, para o diabético de tipo I, pois ele
aplica insulina. Que é um elemento artificial, não fisiológico, então o
controle é um pouco mais complicado. E essa insulina aplicada é subcutânea, de
forma a fazer com que a circulação que passa por ali, vá colocando a insulina
na circulação. Aplicá-la diretamente na veia provocaria um pico de insulina
muito rápido.
A insulina mais comum é a regular, que tem ação rápida, vai aumentando na circulação, faz um pico em aproximadamente duas horas e depois cai. A
insulina do tipo NPH é mais lenta, faz um pico perto de 6 a 8 horas. E é muito
importante conhecer a cinética dos diferentes tipos de insulina, pois o
paciente normalmente usa mais de um tipo, realizando um regime insulínico,
tendo uma sequência de aplicações. Uma vez que saibamos desse regime é preciso
tomar cuidado com o horário de aplicação e o horário de realização de
exercícios. Pois se o paciente aplicar a insulina, regular por exemplo, duas
horas antes de realizar um exercício, o pico de insulina estará finalizando,
fazendo um quadro de hipoglicemia rapidamente. Portanto a solução é fazer
exercícios com o paciente quando já tiver feito mais tempo de aplicação da
insulina. E se por exemplo o exercício for uma hora depois da aplicação, que em
teoria o pico estará acontecendo, até pode, mas é preciso tomar cuidado com o
local onde foi aplicado a insulina. Pois as aplicações são rotatórias, sempre
aplica-se em lugares diferentes. Então se naquele dia o exercício é voltado pra
membro inferior, é recomendável que o paciente não tenha aplicado a insulina no
membro inferior, pois a realização do exercício aumentará a circulação local, e
isso fará com que o pico insulínico se adiante.
Outro
cuidado importante é o Pé
Diabético, pois o paciente com diabete tem uma dessensibilização de
extremidades, fragilidade vascular aumentada. E na realização de exercícios é
preciso tomar cuidado, para que ele não se machuque, ou que logo seja aplicado
um curativo. Importante também tomar cuidado com o calçado, que seja o mais
confortável.
A médio e
longo prazo, a medida em que o diabético vai sendo treinado, quais são os
resultados esperados?
Melhorar
a resistência a insulina (tanto para o tipo I quanto para o tipo II), para o
tipo I isso facilita pois não terá que aplicar tanta insulina, ou tantas vezes
seguido. O diabético tipo II responde melhor ao exercício, porque além de
melhorar a resistência a insulina, o exercício ataca a origem do problema, que
é a obesidade em muitos dos casos.