quinta-feira, 11 de julho de 2013

Criança, Idoso, Sudorese, Ósseo e exercício

CRIANÇA:
Muitas das respostas de organismo de uma criança frente a um exercício são iguais às respostas de um adulto, porém, nem todas. Começando pelo metabolismo, que age de forma diferente, como por exemplo o consumo de Oxigênio. A criança se adapta mais rápido a um aumento de carga, e o déficit de oxigênio da criança é menor, e por consequência uma EPOC menor. Isso porque a resposta aeróbia da criança é mais eficiente do que no adulto. A atividade glicolítica anaeróbia  é menor na criança, então quando ela realizar uma atividade com carga de trabalho aeróbia, ela tem menos capacidade glicolítica para segurar o aumento de carga, e para isso ela vai acelerar o processo oxidativo. Compensa a incompetência anaeróbia por uma competência aeróbia. 
Comparando um exercício de alta intensidade, 15 segundos, entre uma criança e um adulto a concentração de lactato muscular da criança vai ser baixa, o que obriga a compensar com o sistema aeróbio. Quanto maior a idade, maior a concentração de lactato. Por isso, treinar crianças, com cerca de 10, 11 anos de idade para ser campeã mundial trará adaptações antecipadas em relação ao sistema aeróbio, pois o anaeróbio ainda é deficitário. Começa a gerar lesões e microlesões por causa do desgaste ósteoarticular causado pelo exercício, numa fase em que as estruturas ósseas na criança ainda estão em formação. Ocorre o que se chama de “queima precoce do talento”. Então, no decorrer da puberdade, com o aumento de massa muscular, a estrutura óssea não vai aguentar essa evolução da massa muscular, fazendo com que o jovem sofra lesões. A consequência de todos esses fatores é que essa criança que foi treinada desde muito cedo, começa a perder potência na adolescência, ao passo que aquela criança que não treinava tanto, brincava em um ritmo mais moderado, começa a ganhar massa muscular e melhorar a sua potência na realização dos exercícios. Portanto, não se treina criança em alta intensidade, ela pode brincar, em níveis de baixa intensidade com aqueles exercícios que se almeja ter o esportista, mas bem de leve.

O consumo de O2 pode ser medido de forma absoluta (L/min) ou de forma relativa (ml.kg-1.min-10).

Consumo de O2 absoluto: nos há um ganho de massa essencialmente muscular, o que faz com que o consumo máximo de O2 aumente proporcionalmente mais no menino do que na menina.

Consumo de O2 relativo: na puberdade a menina ganha mais tecido adiposo, por isso a queda no consumo máximo de O2, porque a divisão nesse caso é pela massa corporal total, e não apenas pela massa muscular. 

IDOSO
O processo de envelhecimento influencia nos marcadores fisiológicos, como por exemplo no consumo máximo de O2.

O auge do VO2 máx é alcançado aproximadamente perto dos 20 anos, se a pessoa não for treinada. Se for treinada, o auge é alcançado perto dos 30 anos, e a partir daí há uma queda de VO2 máx. Essa queda se dá a cada 10 anos aproximadamente 7 mml/kg/min, ou seja, a cada 10 anos que se passam, há uma perda de 7 mml/kg/min. Então, fazendo uma breve conta para um melhor entendimento: se aos 25 anos uma pessoa tem um VO2 de 45 mml/kg/min, depois de 30 anos se passarem, ela irá perder 21 mml/kg/min (3 décadas vezes 7). E aos 55 anos terá um VO2 de 24 mml/kg/min. Isso significa que aos 55 anos a pessoa já estará em um quadro dependência funcional, pois essa começa de 25 mml/kg/min para baixo. Isso acontece por um processo que se chama SARCOPENIA, que é a perda de sarcômeros, perda progressiva de massa muscular, que acarreta múltiplos efeitos. No decorrer da idade se perde mais fibras do tipo II, que são as fibras de contração rápida, tornando-o cada vez mais lento. Com isso perde-se trofismo, força, potência e resistência muscular e começa a ter uma inaptidão, uma incapacidade funcional progressiva e que leva a um ciclo vicioso. Explicando: o indivíduo perde massa muscular e se torna mais inativo, essa inatividade provoca uma maior perda de massa muscular, que o leva a mais inatividade. A forma de quebrar esse ciclo é com exercício, que não vai impedir que o VO2 caia no decorrer do tempo, mas pode fazer com que essa queda seja mais sutil, podendo ir perdendo, a cada década, quem sabe 5 mml/kg/min.
Porém, é possível proporcionar isso quando se treina o indivíduo desde os seus 25 anos, mas o que acontece com a Dona Maria, que já tem os seus 60 anos quando começa um programa de exercícios físicos? Ela precisará, sim, fazer um treinamento aeróbio, porém treinamento de força é indispensável. Isso porque a queda do VO2 se dá por causa da falta de massa muscular, por isso a importância do treinamento de força, que muitas vezes não precisa ser muito exacerbado. Para esses idosos, muitas vezes pegar uma garrafa PET é treinamento de força, ou então trabalhos com o próprio peso do corpo.
Em idosos também podemos relacionar a perda de VO2 com aspectos cardiovasculares. Porque assim como há uma perda muscular esquelética, há também uma perda muscular cardíaca, e com isso o Débito Cardíaco tende a diminuir, e obviamente o consumo máximo de O2 cai junto.

SUDORESE
Gráfico

Para se medir produção de suor: isola uma área da pele, usa-se um adesivo com material absorvente, e cola nessa parte da pele. Daí manda a pessoa realizar algum exercício que provoque a sudorese, para depois retirar o adesivo e medir a quantidade de suor.
Há um aumento da sudorese na puberdade, então uma criança sua bem menos que um adulto, começando a ocorrer essa diferença na adolescência. Os mecanismos de troca de calor em adulto, com o meio, são fundamentalmente baseados nos suor, na evaporação do suor. Já na criança, troca mais calor por condução, convecção e radiação. Então, uma criança ao ar livre, está muito sujeita a ganhar calor por radiação solar, se comparado a um adulto. Em contrapartida, na água, ela estará mais sujeita a perda de calor por convecção, se comparado ao adulto, porque a relação de superfície corporal relativo é muito maior na criança.

ÓSSEO
Os ossos são formados por uma matriz de hidroxiapatita, uma estrutura cristaloide que depende de cálcio. Essa deposição de cálcio, a mineralização óssea, depende de uma ciclagem celular. Então, em uma condição normal, a estrutura óssea está íntegra e o osso está rígido. E por vezes, o nível de cálcio na circulação cai, podendo gerar problemas nas contrações musculares dentre outros. Para que esse nível volte ao normal, é retirado cálcio dos ossos, para retornar à corrente sanguínea. Para essa retirada de cálcio dos ossos ativamos uma célula chamada osteoclasto, que adere à superfície óssea e começa a reabsorção de cálcio. A medida em que essa célula vai agindo, ela vai literalmente corroendo o osso. Entretanto, chega um momento em que os níveis de cálcio voltam ao normal, e começam a exceder esse valor, para que haja então uma deposição de cálcio na matriz óssea, ativamos uma célula chamada osteoblasto. Em um momento temos o osteoclasto mais ativo, e em outro temos o osteoblasto, e isso vai regulando o nível de cálcio circulante e revitalizando a matriz óssea.
Fatores que podem afetar esse processo de deposição e reabsorção de cálcio:
- Efeito piezoelétrico: Estabelecimento de uma diferença de potencial elétrico entre as faces de um cristal anisotrópico (quando a luz incide no cristal, o feixe é divergido) submetido a uma compressão. Esse cristal gera uma diferença de potencial por causa de uma força/pressão. O Impacto gera um sinal de voltagem (polo negativo e positivo) que atrai íons cálcio para a região dipolo. A estrutura óssea é formada por cristais piezoelétricos, então exercícios de alto impacto (com maior compressão) favorecem o aumento da densidade mineral óssea de certas regiões. Porém esse efeito é localizado, porque, por exemplo um exercício de alto impacto para os membros inferiores, não afetará por exemplo ossos de membros superiores.
- Lei de Wolf: ossos respondem dinamicamente à presença ou ausência de tensão com mudanças de tamanho, forma e densidade. Por exemplo, na ação de flexionar o cotovelo com uma carga na extremidade distal, o bíceps contrai e isso gera uma tensão no úmero, é como se o osso “envergasse” , ou seja, ele responde à presença de tensão. A compressão de uma superfície óssea aumenta a atividade esteoclástica, e aquela região exposta a maior tensão tende a cavitar. 

Desenho quadril:

A força da gravidade age sobre a tíbia de uma pessoa que tenha o joelho em varo, por exemplo. A força deforma a tíbia de maneira a ter mais ação osteoclástica ali onde “bate” a força, e uma maior ação osteoblástica na face oposta.

Comparando densidade mineral óssea em mulheres eumenorreicas (com ciclo menstrual normal), com mulheres amenorreicas (ciclo menstrual alterado):
- Exercício ajuda, mas não cura uma osteoporose. Ajuda no aumento da densidade óssea, mas não cura.
Foi feita uma avaliação, em um estudo, sobre a variação da densidade mineral óssea basal em mulheres amenorreicas ao longo de dois anos. Todas tinham osteoporose e iniciavam com 100% de densidade óssea basal, pois o estudo foi feito no início do tratamento.

Primeiro foi feito um teste com mulheres que não realizaram nenhum tratamento, era o grupo controle, e então caia os níveis de densidade mineral óssea. Outro grupo realizava exercícios, e os níveis de densidade mineral óssea também caíram, mas não tanto quanto no grupo controle. Outro grupo, realizava exercício e ainda suplementavam-se com cálcio, e os níveis de densidade mineral óssea quase não caíram. E o último grupo analisado, fazia reposição hormonal, e se percebeu que a densidade o nível de densidade mineral óssea aumentou. Então, a única forma de reverter a perda de massa óssea é através da reposição hormonal.

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