Via mecânica da respiração
Deslocamento de ar dos pulmões é feito pelos músculos diafragma, internocostai externos esternocleidomastoideo que fazem expansão da caixa torácica. Na insipiração: aumenta diâmetro da caixa torácica, pressão alveolar diminui e o ar entra. Na expiração: diminui diâmetro da caixa torárica, pressão alveolar aumenta e o ar saiu.
Pleura: uma “bolsa” que envolve todo o pulmão. Existe a pleura visceral que fica junto ao pulmão e a pleura parietal que fica junto a parede do tórax. Pressão Pleural: -4mm Hg. Pressão negativa gera uma força que vai atrair as membranas da pleura visceral em direção a pleura parietal.
Inspiração: À medida que a pressão alveolar cai o volume pulmonar aumenta. Chega um momento que a pressão alveolar se torna menor que a pressão atmosférica, entra ar e o volume pulmonar continua aumentando, e nesse momento, a pressão alveolar aumenta. Ao final da inspiração: pressão alveolar é mesma do início, a pressão pleural atinge um valor mínimo e constante. Expiração: Aumenta pressão pleural, aumenta pressão alveolar e diminui volume pulmonar. Ao sair o ar, pressão alveolar atinge um pico e decai, finalizando o processo com mesmos valores do inicio do ciclo respiratório. Pressão pleural não depende de volume pulmonar.
Pneumotórax: perfuração pleural faz entrar ar com a tendência de igualar as pressões, forma-se uma bolsa de ar.
Volumes respiratórios
Algumas definições:
Volume de ar deslocado em cada movimento respiratório é chamado volume de ar corrente, que é aproximadamente 0,5 litros. Volume de reserva inspiratório: obtido através de inspiração máxima. Volume de reserva expiratório: obtido através de uma expiração máxima. VRI + VRE + VOLUME DE AR CORRENTE = CAPACIDADE VITAL. Mesmo após uma expiração máxima, ainda resta ar nos pulmões, em locais chamados espaços mortos fisiológicos, onde ocorre difusão dos gases respiratórios e também espaços mortos anatômicos onde não ocorre troca gasosa: traqueia, brônquio e bronquíolo. O ar contido nesses espaços é chamado de volume de ar residual que somado a capacidade vital formam a CAPACIDADE PULMONAR TOTAL.
Problemas com esses volumes e capacidades
Edema: provoca problema no volume respiratório inspiratório, que por possuir liquido dentro dos pulmões, diminui espaço, e assim, diminui volume inspiratório e conequentemente redução capacidade vital.
Fibrose alveolar: pode ser causada por diversos fatores como DPOCs, silicose, asbestose, carbose, mucovicidose. A fibrose pulmonar enrijece o pulmão, provocando fraqueza muscular, impedindo a expansão pulmonar, que afeta a capacidade vital.
Asma: Pacientes asmáticos tem dificuldade de expulsar o ar de dentro dos pulmões, devido a um bronco espasmo que leva a bronco constrição -> resistência aérea, aumenta sobrecarga a musculatura expiratória e a pressão alveolar aumenta. Volume expiratório diminui, aumenta volume de ar residual (hiperinsuflação). Ao longo do tempo, se não tratado, indivíduos asmáticos podem apresentar deformações ósseas no tórax.
Relação sistema respiratório & Desempenho Areróbio
Relação capacidade vital e desempenho aeróbio
Quando o estudo foi feito de forma a comparar Vo2 máximo em relação a capacidade vital (estudo 1) chegou-se a conclusão que havia correlação entre as duas variáveis. MAS: quando o estudo foi relativizado, isto é, a massa corporal dos indivíduos foi levada em conta (estudo 2) chegou-se a um resultado que não havia correlação entre as variáveis. O que define o desempenho aeróbio é aspecto MUSCULAR e CARDIOVASCULAR!
Volume Expiratório Forçado em 1 segundo: VEF 1
Se mede da seguinte forma: com o
auxílio de um expirômetro, se realiza uma inspiração máxima, e sopra com a
maior potência possível no bocal do expirômetro. Há então um deslocamento de
volume de ar, em litros, no tempo, em segundos.
Com isso há um deslocamento de ar muito rápido, um grande volume numa
fração de tempo muito pequena, até chegar ao volume máximo.
No gráfico: A curva que
representa esta medida simboliza o comportamento do volume expirado ao longo do
tempo, assim como o seu valor total. O platô representa a capacidade vital,
expressa em litros, que fica na faixa de 4 a 6 litros e podem ser amplamente
alterados em função da demanda respiratória. A pessoa desloca todo o volume de
ar que tinha disponível no sistema Respiratório, com exceção do Volume de Ar
Residual, que permanece no pulmão.
Então, o VEF 1 é aquele volume de ar expirado de forma forçada em 1
segundo, e será sempre menor que a
capacidade vital. Porém existe uma relação entre VEF 1 e a capacidade vital,
dividindo aquele por esse (VEF1/CV), terá que ter como resultado maior ou igual
a 0,7 ou 70% em condições de normalidade quanto a doenças obstrutivas.
VEF 1/CV > ou = a 0,7
Se essa relação for menor que 0,7
configura uma menor velocidade de deslocamento de ar. O VEF 1 cai, e o tempo
continua o mesmo. O volume total de ar expulso do sistema respiratório também
continua o mesmo, então não houve modificação da capacidade vital. Isso tudo
configura um caso de ASMA. Doença respiratória obstrutiva que representa uma
obstrução das vias aéreas, o que faz aumentar a resistência de expulsão do ar,
então o VEF1 cai significativamente, e a relação de VEF1-CV cai também. Isso
acontece por causa de um broncoespasmo, que ocorre pela ação de agentes
alergênicos sobre um indivíduo hiperreativo.
Em relação à histologia para
explicação do broncoespasmo: na traqueia e nos brônquios, onde há um diâmetro
menor, existe uma mucosa sobre a musculatura lisa brônquica, que apresenta
muco. Essa mucosa tem um sistema ciliar (células que apresentam digitações) e
esses cílios tem um funcionamento de batimento (batimento ciliado) superior e
inferior, sendo o batimento ciliado superior realizado pra baixo, e o sistema
ciliado inferior (da glote para baixo) realizado para cima, para que quando
inalamos fases particuladas , que vão até a parte inferior do sistema
respiratório, o muco produzido tenha por função aderir as partículas que
invadem a via aérea, e assim sejam encaminhadas em direção ao esôfago. Se elas
forem até a parte inferior, serão levadas pela movimentação das células
ciliadas, para cima, em direção ao esôfago. Da mesma forma que se essas
partículas ficarem na região superior à glote, elas serão levadas para baixo,
em direção ao esôfago também. Ou seja, estamos sempre deglutindo muco e toda
fase particulada que inalamos. O broncoespasmos, citado acima, refere-se a uma
contração em decorrer de uma reação inflamatória que ocorre por causa dos
agentes alergênicos, que liberará histamina, que atua localmente sobre a
musculatura lisa. E é um mecanismo para controlar o fluxo aéreo do sistema
respiratório , e todos nós realizamos, sendo mais intenso nos asmáticos.
Principais agentes alergênicos:
poeira, pólen, solventes, perfumes, tintas, pelos de animais, fumaça, ácaros,
ar frio e ar seco.
Relação com o cigarro
A temperatura que a brasa atinge,
na ponta do cigarro é de cerca de 700ºC, no momento da inalada. O vapor invade
o tubo (o cigarro), diminuindo a temperatura até entrar na boca, e vai sofrendo
um processo de resfriamento ao longo do sistema respiratório. Esse processo, do
ponto de vista químico, se chama destilação. Então, um único cigarro produz a
paralisia do batimento ciliar por cerca de uma a duas horas, efeito da
nicotina. Ocorrendo uma espessura da camada de muco, e então uma pessoa que
fuma cerca de 10 cigarros por dia (meia carteira de cigarros) provoca cerca de
quinze horas por dia com o sistema ciliar paralizado. Fazendo com que esses
sistema só deixe de ser inibido quando o indivíduo for dormir, e as células
ciliadas tentam destruir aquele muco acumulado, porém não conseguem devido a espessura
da camada, aumentando a resistência aérea. E ao longo do tempo, não há mais
somente uma paralisação do sistema ciliado, e sim a destruição desse sistema, e
então surge o chamado “pigarro do fumante”, pois a camada de muco está sempre
aumentando devida a falta do sistema ciliado e ele precisa eliminar esse muco engolindo-o
ou cuspindo-o.
Cerca de 80% dos casos de DPOC
estão relacionados a tabagismo.
Enfisema: o pulmão é uma esponja, formada
pelos alvéolos, com a fumaça do cigarro, há um acúmulo de gases, principalmente
o alcatrão que é cancerígeno. Esse se deposita nos septos alveolares e provoca
destruição desses, ocorrendo uma fusão de alvéolos (formação de mega-alvéolos).
Isso faz com que diminua a superfície de troca com o sistema sanguíneo, diminui
também a capacidade de armazenamento de ar, ou seja, diminui a capacidade
vital. Então a DPOC é essencialmente enfisema pulmonar.
Relação EXERCÍCIO – ASMA:
Exercício provoca e ao mesmo
tempo trata asma. Na realização do exercício, aumenta a ventilação aumentando,
então, o ataque de agentes alergênicos ao sistema respiratório, e ocorre um
quadro de AIE ou BIE (Asma Induzida por Exercício ou Broncoespasmo Induzido por
Exercício) justamente por causa do aumento da ventilação.
Na avaliação do VEF 1, percebe-se
que ele diminui ao longo do exercício, o que é esperado porque pelo fluxo aéreo
se realiza um broncoespamo. Porém, alguns indivíduos apresentam uma queda de
VEF 1 exacerbada, essa é a característica da pessoa que tem asma induzida pelo
exercício, e terá que dar uma pausa na realização de exercícios por não
conseguir ventilar adequadamente.
Na realização de exercícios numa
escola com crianças, por exemplo, muitas delas podem fazer asma durante a
realização. Portanto, aquelas que já tiverem o diagnóstico, é recomendável que
usem o broncodilatador (bombinha) antes do exercício, mas é importante o que o
façam, e que não sejam liberadas. Já as crianças que não têm o diagnóstico e
fizerem asma durante o exercício, o primeiro passo e tranquilizá-la
psicologicamente, pois é um dos fatores agravantes. Posteriormente, para a
normalização da respiração é importante realizar a “ancoragem” da criança, que
é sentá-la, com cotovelos apoiados nos joelhos para liberar o movimento costal.
Normalmente 10 minutos serão suficientes para que a criança tranquilize e
retorne a respiração normal, o broncoespasmo desaparece e ela pode retornar ao
exercício. E a tendência é que essa crise não retorne, pois há um quadro de
resistência aguda ao agente alergênico após uma crise, é o período refratário
que dura cerca de uma a duas horas após o estímulo. Portanto, esse processo de
resistência aguda ao agente alergênico não é um treinamento, não é adaptação, é
apenas uma resposta aguda à reação alérgica.
Sucessão
de exercícios pode gerar benefício? SIM.
Porque a cada estímulo aquela pessoa é submetida a um fluxo aéreo aumentado com
agente alergênico. Portanto, ao longo do tempo a pessoa aumenta a resistência a
esse agente, e de certa forma dessensensiliza a mucosa àquele agente
alergênico. Diminui a intensidade e a frequência de crises asmáticas.
Exercícios na água trazem alguns
benefícios a mais para os asmáticos: o ambiente por ser quente e úmido, não ter
pelos de animais, fumaça, pólen. E o cloro que, sim, é presente, é mais raro
afetar aos asmáticos. A posição do exercício facilita o movimento costal, pelo
fato da natação ser no sentido horizontal. Além disso, o controle da respiração
é inerente à prática de natação, e também muito importante, a expiração
realizada na natação é feita contra a resistência, de baixo da água, gerando um
fortalecimento de musculatura expiratória e um fluxo aéreo que atrita contra mucosa, o que gera uma broncodilatação.
Regulação de ventilação:
Em termos de fluxo de ar no
sistema respiratório: a pessoa inala ar com 78% de nitrogênio; 20,96% de O2;
0,03% de CO2 e 1,01% do restante de gases. E a pressão atmosférica é de 760mmHg
e cada gás apresenta uma pressão diferente.
Então, para se saber a pressão
que gás exerce sobre nós, é só calcular a porcentagem de cada um deles sobre o
valor da pressão atmosférica total. Por exemplo, o O2 exerce uma pressão de cerca
160mmHg quando inalado. Já a pressão alveolar de O2 vai ser aproximadamente 105mmHg
porque já temos ar dentro dos alvéolos. E esse alvéolo está em contato com um
vaso sanguíneo que terá uma PVO2 (Pressão Venosa de O2) de aproximadamente uns 40 mmHg
e ocorre um gradiente de pressão a favor do alvéolo que garante a difusão de O2 do alvéolo para o capilar e esse
gás se dissolve no sangue levando progressivamente, à medida que circula do
corpo, a uma pressão arterial (PAO2) de aproximadamente 105 mmHg. A
pressão de CO2,
que é muito baixa na atmosfera, exerce uma Pressão Alveolar de CO2 de aproximadamente 45 mmHg e a
Pressão Venosa de CO2 de
aproximadamente 45 mmHg, então o gradiente de pressão vai fazer com que
ocorra a passagem de CO2 do capilar para o alvéolo, e ao
longo do tempo gera uma Pressão Arterial de CO2 de aproximadamente 40 mmHg.
Entretanto, falamos até agora de pressão dos gases, o que se pode entender que
esse esteja dissolvido no líquido. Porém nem todo O2 circulante no sangue está
dissolvido, parte dele é transportado pela Hemoglobina (Hb), que é uma proteína
tetramérica, 4 subunidades as quais é possível ligar quatro molécula de O2.
Cerca de 97% do O2 é transportado através da Hb e 3% está livre no plasma.
Demonstração
da regulação respiratória:
Hemoglobina:
O tecido usa o O2 dissolvido na plasma, então a Hb
transporta o O2
para, no momento certo, liberar esse O2 para o plasma. A Pressão
tecidual de O2
é aproximadamente 40 mmHg, portanto o O2 que está no plasma, passa para o
tecido pela diferença de pressão.
Relação de O2 com saturação da Hb:
Comportamento
sigmoide.
A saturação da Hb pode chegar perto de 70 a 60%.
Efeito de regulação da Hb, ou
seja, pode variar a PO2
sem variar a saturação da Hb, no entanto, se baixar mais a PO2 a saturação começa a entrar em
declive e cada vez que baixar mais a PO2, cai ainda mais a saturação da Hb.
Essa é saturada no sangue, tem O2 ligado a ela. Quando a pressão de O2 em volta dela começa a cair,
pelo recrutamento de O2
dos tecidos os tecidos, a Hb ainda mantém presa a ela as moléculas de O2 por um tempo. Porém, se a
Pressão de O2
continuar caindo a Hb não conseguirá mais “segurar” o O2 ligado à ela, liberando-o,
fazendo com que a saturação caia. Esse sistema não é rígido e a Hb sofre
regulação por quatro estímulos fundamentais: PO2, PCO2, H+ e a temperatura sanguínea.
Então, o que poderia levar a um deslocamento da curva , seria a modificação
desses quatro fatores.
Hipotermia: deslocamento da curva
para a esquerda, quando aqueles estímulos citados acima funcionarem de forma a
aumentar a PO2,
diminuir PCO2,
diminuir H+ e diminuir a temperatura sanguínea, aumentando a afinidade da Hb
por O2. Numa hipotermia, o indivíduo
desloca de tal maneira a curva para a esquerda e diminui a oferta de O2 para os tecidos, pois está
aumentando a afinidade da Hb por O2 e em um determinado momento não
haverá mais O2
para o cérebro e a pessoa morre. Morre, sem se dar conta disso, pois não sente
nada.
Altitude: a pressão atmosférica diminui,
e a pressão dos gases diminuem também. A Pressão Alveolar diminui, e a
saturação da Hb também diminui, saturando menos Hb. Isso afeta o VO2 máx, que cai da seguinte forma:
até 1500 m de altitude, não modifica (por causa do platô), depois para cada
1000 m, há uma queda de 10% do VO2 máx. Ou seja, a 2500 m de
altitude, a pessoa terá um VO2 máx de 90% do que teria ao nível do mar.
Para adaptação: é um processo muito lento. Até
1600 m de altitude, o tempo de adaptação são duas semanas. Acima disso, a cada
600m que se somam à altitude, vai se somando uma semana de adaptação. Ou seja,
a uma altitude de 2200 m de altitude, é necessário no mínimo 3 semanas de
adaptação. Esse processo de adaptação pode ser dividido em 3 níveis: curto
prazo, médio prazo e longo prazo.
Curto
prazo: quando desembarca
na altitude. O indivíduo é submetido a uma baixa PO2 que estimula a diminuição da
Pressão Arterial de O2,
com isso são ativados os quimioceptores, localizados a Aorta e Carótida, na
mesma localização nos Baroceptores. Esses quimioceptores são sensíveis a O2, H e CO2. Mas nesse caso em especial, na
altitude, há uma diminuição da PO2, por isso há a ativação dos
quimioceptores. A consequência disso é Taquipneia, o aumento da ventilação, o
que causa tontura pela alcalose respiratória (diminuição de CO2). (CO2 é, quimicamente, um dióxido
ácido, e que quando reage com água forma ácido carbônico. Esse se dissocia em H
+ e Bicarbonato. Então o acúmulo de CO2 no sangue gera um processo de acidificação.
Entretanto, nesse caso há uma diminuição da PCO2 e a consequência é a alcalose
respiratória).
Médio
Prazo: O
processo para “combater” essa alcalose é a excreção de bicarbonato. Com a
excreção de bicarbonato (que é uma base) pela via urinária, diminui a alcalose.
Porém, para excretar bicarbonato é preciso excretar também água, e a
consequência disso vai ser um fenômeno de hemoconcentração, porque o sangue vai
ficar mais concentrado. A vantagem a hemoconcrentação é que as hemáceas estarão
mais próximas, o que aumenta a oferta de O2. A desvantagem é que o sangue
vai ficar mais viscoso, aumentando o atrito contra a parede do vaso, o trabalho
cardíaco aumenta, e isso tende a aumentar o risco de trombose.
Longo
Prazo: o Rim
detecta essa hemoconcentração e começa a produzir eritropoietina (EPO). Essa
estimula a medula óssea a produzir novas hemáceas, esse processo recebe o nome
de eritropoiese. Com o aumento das hemáceas, aumenta o volume sanguíneo, e ao
final desse processo o indivíduo é considerado adaptado a essa altitude.
Então, um indivíduo que more em
uma altitude maior, comparada a nossa, terá mais hemáceas no sangue se
comparado a nós. A vantagem disso é possibilitar que ele viva em altitudes
maiores, sem nenhuma vantagem adicional.
Portanto, quando não há tempo
suficiente para a devida adaptação, a melhor coisa a se fazer quando um time
precisa jogar em um lugar de grande altitude é ir o mais próximo possível do
dia do jogo. Se possível ficar no litoral até o dia do jogo, e só no dia ir até
o local, para que não haja um desgaste desnecessário.
E quando acontece o contrário? Um
time que mora em grandes altitudes joga em lugares de baixas altitudes. Pode-se
achar que esses indivíduos terão vantagens pois terão um maior número de hemáceas.
Porém, não adianta ter um maior número de hemáceas e por consequência mais
disponibilidade de O2
se os músculos não estão “treinados” a utilizar mais O2. Então é recomendado
que o time chegue cerca de 60 dias antes da prova, para que dê tempo de treinar
os músculos a utilizarem mais O2 durante o exercício e assim aproveitar a maior
disponibilidade de O2
pelo maior numero de hemáceas.
Regulação neural do sistema
respiratório:
Bulbo, onde se tem uma zona
quimiosensível, há grupos de neurônios expiratórios e inspiratórios. No Arco
aórtico e no seio carotídeo existem quimioceptores que levam informações ao
bulbo. Esses quimioceptores são sensíveis a PCO2, PO2 e pH sanguíneo. Então quando a
PCO2 aumenta ativa quimioceptores,
assim como quando a PO2
cai e quando cai o nível de pH. Gerando potenciais de ação que chegam ao centro
respiratório no bulbo, estimulando a ventilação. Além disso, a própria zona
quimiosensível é sensível a H+ e a CO2, então quando eleva o nível de
CO2 e cai o pH há um estímulo sobre
essa zona.
Há
um detalhe a ser considerado:
a zona quimiosensível é altamente sensível a H+, porém, esse não ultrapassa a
barreira hematoencefálica (membrana que permite a passagem de metabólitos do
sangue para o sistema nervoso), pois ela é impermeável a H+. O CO2 estimula quimioceptores tanto
periféricos quanto a zona quimiosensível, porém, na zona quimiosensível ele é
pouco efetivo. Portanto, o CO2 produzido pelo metabolismo vai estar no sangue, ali
ele reage com água para formar ácido carbônico. Esse se dissocia, ainda no
sangue e forma H+ e bicarbonato. O H+ estimula os quimioceptores da zona periférica.
E na zona quimiosensível, não pode ser pelo H+ porque ele não passa a barreira
hematoencefálica, porém o CO2 passa, e já no sistema nervoso ele se liga à água,
para formar, então, o H+. E porque essa água não estimulava a ventilação antes?
Porque o que estimula a ventilação é o Hidrogênio livre.
Outro
detalhe importante:
no sangue existem hemáceas, nessas há uma enzima chamada Anidrase Carbônica.
Então a hemácea capta o ácido carbônico, e esse é ativado pela enzima, formando
água e CO2. Essa é uma estratégia de manter
o CO2 para permitir que ele seja
eliminado pela ventilação e também para que ele possa estimular os
quimioceptores.
Uma hiperventilação rápida, de 15
segundos por exemplo, gera uma resposta: um quadro de alcalose respiratória,
diminui CO2,
diminui H+ na circulação. E a consequência será menos ventilação. É por isso
que pessoas quando mergulham hiperventilam antes. Para eliminar CO2 e aumentar o tempo de apneia,
porque diminui o estímulo respiratório. É preciso tomar cuidado, pois existe um
risco de desfalecimento.
O que determina o tempo que a
pessoa ficará em apneia? O nível de CO2 no sangue. O aumento do CO2 no sangue fará com que aumente a
estimulação para a ventilação, estimulando tanto quimioceptor, quanto a zona quimiosensível.
O resultado disso é que em algum momento essa pessoa vai ventilar, e então ou a
pessoa sobe até a superfície para respirar, ou terá que fazê-lo debaixo da
água, o que provoca a morte. A ventilação ocorrerá com certeza, pois é muito
superior à ação voluntária.
A resposta de lactato, já
conhecida por ter sido explicada anteriormente no blog, é constante até o
primeiro limiar, entre o primeiro e o segundo é crescente, e depois do segundo
limiar, dispara. O consumo de O2 cresce a medida que se aumenta a carga de trabalho,
e depois há um platô no consumo máximo de O2. A produção de CO2, a medida que a carga de
trabalho aumenta, também aumenta porque aumenta o metabolismo, e a medida que
aumenta, se aproxima dos valores de consumo de O2, até quase se igualar no
primeiro limiar. Após o primeiro limiar, o lactato começa a aumentar, e umas
das consequências é a formação de H+, começa a acidificar o meio. O H+ reage
com o bicarbonato no sangue, formando H2CO3 (ácido carbônico). Esse é
captado pelas hemácias, sofre ação da enzima Anidrase Carbônica e se transforma
novamente em água e CO2.
Há uma formação extra de CO2, extramitocondrial, acontece no sangue. Então, o
aumento de CO2
não segue de uma mesma forma, mas sim, após o primeiro limiar, a produção de CO2 quebra, aumenta ainda mais. A
área haxurada é decorrente do tamponamento de hidrogênio. O comportamento da
ventilação frente ao aumento da carga aumenta desde o início, isso porque temos
mecanoceptores musculares que estão diretamente ligados com o centro
respiratório, quando ativamos mecanicamente esses receptores passa a informação
para o centro respiratório que leva a uma maior ventilação. Após o segundo
limiar, a curva da ventilação quebra da mesma maneira que a produção de CO2, porque esse CO2 está estimulando a ventilação
tanto em quimioceptor periférico, quanto em quimioceptor central e eliminando o
CO2 extra produzido através da
ventilação, de forma a manter a curva da pressão de CO2 estável. O que ocorre também é
uma ventilação antecipada ao exercício, é uma resposta neural pelo estímulo
adrenérgico que justifica o aumento de ventilação em cargas de trabalho baixas.
O pH começa a diminuir um pouco devido ao aumento da produção de CO2, porém não cai muito porque há
um tamponamento de hidrogênios através dos bicarbonatos. Ultrapassando o
segundo limiar de lactato com o aumento da carga, a ventilação aumenta de uma
forma mais excessiva, pois há um intenso aumento da concentração de lactato e
isso provoca uma queda muito importante de pH, provocando um quadro de acidose
metabólica. Há um efeito aditivo, pois o CO2 continua aumentando, ativando
quimioceptores periféricos e zona quimiosensível e ainda o H+ circulante, tudo
isso influencia na ventilação. Essa ventilação aumenta de forma independente à
curva de prudução de CO2
(porque há uma queda do ph impulsionada pelo aumento de ácido láctico) , isso
faz com que a pressão de CO2 caia. Então,
como ventila mais do que a produção de CO2, a pressão de CO2 tende a cair.
Gráfico das curvas de ventilação,
em relação aos limiares ventilatórios. Em função de uma programa de treinamento
fará a curva deslocar para a direita, o ponto de quebra é deslocado para uma
carga de trabalho mais alta. A carga máxima também desloca. Não se pode afirmar
uma queda da ventilação de repouso.
A ventilação, em indivíduos
normais, não é um agente importante de limitação de desempenho. Porque outros
sistemas levam à fadiga antes que a ventilação seja alterada, sistemas como os
músculos e o coração.
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