domingo, 26 de maio de 2013

Cardiovascular parte IV - Função endotelial e aterosclerose.

ATEROSCLEROSE


Vaso sanguíneo e a representação das proteínas sanguíneas.


Quanto maior o fluxo no vaso “endotelizado”, maior é a formação de radicais livres. O fluxo atrita com a parede do vaso e forma esses radicais, que nada mais são que moléculas de oxigênio instáveis que apresentam alta reatividade. No caso da formação do ateroma, nos referimos à oxidação de LDL.  Se o LDL for oxidado na corrente sanguínea não há maiores problemas, pois a corrente sanguínea leva esse LDL oxidado até o fígado onde será devidamente metabolizado. O problema ocorre quando o LDL é oxidado no espaço subendotelial do vaso, pois neste caso irá desencadear efeitos que em última análise darão origem a formação do ateroma. LDL oxidado no espaço subendotelial produz sinais quimiotáticos para células do sistema imune:

- Monócitos (leucócitos circulantes) se infiltram na região por diapedese (deformação);
- Monócito sofre maturação e se transforma em macrófago (leucócitos teciduais), que fagocita lipídeos em quantidade aumentada na região;
- Macrófago se transforma em célula espumosa e a parede do vaso passa a ser deformada, formando um núcleo lipídico;
- As células espumosas produzem MCP1 (Proteína Quimiotratora de monócitos) que atrai novos macrófagos e gerando um ciclo vicioso;
- Vai aumentando o núcleo lipídico, caracterizando a formação do ATEROMA (núcleo lipídico circundado por células espumosas que ao longo do tempo vai se tornar fibrosa).
Capa fibrosa formada em volta do ateroma vai se “esticar” até romper conforme o ateroma vai aumentando de tamanho. Quando ocorre a ruptura, colágeno é exposto e plaquetas invadem o local, ocorrendo a formação do TROMBO.  O que definitivamente vai obstruir o vaso não é a formação do ateroma, mas sim o rompimento deste e a formação do trombo. 

                                                             Formação do ateroma



Formação do trombo quando ocorre ruptura da placa fibrosa e as plaquetas envolvem o local.


Como o exercício pode auxiliar a impedir ou minimizar os efeitos desse processo? O exercício vai atuar, diminuindo VLDL, TG, LDL, Acido Graxo Livre e aumentar HDL. Treinamento aumenta densidade das proteínas, diminuindo a quantidade de lipídeos transformando LDL em HDL.  Mas os aspectos que mais serão influenciados pelo exercício são HDL e os Triglicerídeos.

LIPEMIA PÓS PRANDIAL

Lipemia pós prandial refere-se ao comportamento dos lipídeos sanguíneos após as refeições. 


Resposta de triglicerídeos em relação ao tempo após refeição. Dois grupos foram submetidos ao teste: grupo controle (sem doença) e grupo com doença arterial coronariana.  O gráfico mostra que indivíduos com doença arterial coronariana não remove bem os lipídeos ingeridos pela dieta, visto que o pico de TAG é maior.
# Estudos mostram que após uma hora da ingesta de lipídeos já inicia resposta inflamatória, com aumento de monócitos, macrófagos e ativação da MCP1 (ver processo de formação do ateroma) além de já ser detectada diminuição da capacidade vasodilatadora bem como aumento da produção de radicais livres. Outro processo que já passa ocorrer é o aumento da produção da proteína C reativa, proteína produzida pelo fígado que é altamente sensível a processos inflamatórios.
Qual a solução para evitar (ou minimizar) esses efeitos? Voltamos a falar do binômio dieta-exercício. Já discutimos que é preciso combinar essas duas ferramentas para obter um resultado eficiente. Quando falamos em alimentação saudável, muitas dúvidas surgem, e na maioria dos casos pensamos no que NÃO SE DEVE COMER. Para facilitar o manejo da dieta, devemos pensar no que devemos SUBSTITUIR na nossa alimentação e no que SE DEVE comer.

















Segue aqui, o manual prático com 10 dicas sobre alimentação saudável elaborado pelo ministério da saúde: 



Triglicerídeos e Exercício


O exercício diminui níveis de TAG, pois provoca remoção acelerada de lipídeos na circulação. Algumas explicações podem ser pela diminuição da liberação de fatores hepáticos (como quilomicrons e VLDL) e por um aumento da LLP (lípase lipoproteica) intramuscular, que quebra o triglicerídeo e é consumido pelo músculo. São possibilidades que tentam explicar como o exercício diminui níveis de triglicerídeos.

LIPEMIA

Valores de referência: HDL= 40 a 60 LDL = abaixo de 120 VLDL = abaixo de 20. Relação colesterol / HDL = 4 (sendo a ideal relação CT/HDL = 2). Essa relação determina o quanto o HDL consegue manejar de colesterol, isto é, se o individuo tiver altos níveis de colesterol e altos níveis de HDL ele não terá grandes problemas, pois terá HDL suficiente para manejar esse colesterol. 



Resposta dos Triglicerídeos pós-refeição em relação ao exercício.


Atenuação da curva lipêmica pós prandial comparada a indivíduos que não realizaram exercícios na véspera do teste. Em aproximadamente quatro horas após a refeição rica em gorduras ocorre o pico de lipídeos no organismo. O gráfico nos mostra que a curva lipêmica pós prandial é atenuada nos indivíduos que fizeram exercício até mesmo na véspera do teste. Exercício é extremamente útil na resposta lipêmica pós prandial! O indivíduo que faz exercício tem menos gordura circulante após as refeições e isso, diminui, consideravelmente, os riscos cardiovasculares.
Enfim, que o exercício é um ótimo aliado contra acumulação de gordura no sangue já está comprovado. Mas, o que ainda não está bem definido é: qual exercício, quais intensidades e quais grupos estão mais suscetíveis a doenças cardiovasculares. Asiáticos tem mais concentração lipídica no sangue, negros tem mais propensão a doenças cardiovasculares...  Esses são fatores que ainda precisam de respostas.
Avaliação da resposta lipêmica comparando dias de exercício pré-teste. Três situações de estudo avaliadas em quatro dias em sequência.  Nos três primeiros dias foram realizadas preparações pré-teste, e no quarto dia foi realizado o teste.

Teste da resposta lipêmica pós prandial em relação a diferentes quantidades de exercício físico.   

No período controle: só era realizado controle nutricional, sem realização de exercícios. No grupo EX1 era realizado apenas controle nutricional nos dois primeiros dias e na véspera do teste era adicionada ao controle nutricional uma série de exercícios. E, no grupo EX3 foram realizados ao longo dos três dias pré-testes controle nutricional acompanhado de exercício físico. Quando foram submetidos ao teste, as curvas dos três grupos apresentaram-se assim: 



NÃO FOI APRESENTADA NENHUMA DIFERENÇA ENTRE AS CURVAS DO GRUPO QUE REALIZOU UMA SÉRIE DE EXERCÍCIOS PARA O GRUPO QUE REALIZOU TRÊS SÉRIES.

Isso indica que o feito do exercício é um efeito transitório, que permanece por 12 á 24 horas e depois desaparece. As duas sessões de exercício a mais que o grupo EX3 realizou não adicionaram efeitos sobre a curva lipêmica pós prandial. Essas curvas representam a resposta subaguda do exercício sobre a curva lipêmica após as refeições, é uma resposta residual que o exercício produziu. As justificativas para essa atenuação da curva já foram descritas acima ( aumento da resposta hepática, aumenta da atividade da LLP). 

ATENÇÃO! Um fator que pode ser importante quando o assunto é curva lipêmica pós prandial: Polimorfismo da UCP .  UCP é o nome de uma proteína desacopladora, presente basicamente no tecido adiposo marrom e tem por função a formação de calor.  UCP está localizada na membrana interna da mitocôndria e seu mecanismo de ação é desacoplar a fosforilação oxidativa da molécula de ADP. Isto é, serve como um canal alternativo para que os elétrons atravessem de volta para matriz.".  Indivíduos que apresentam polimorfismo nessa proteína podem apresentar uma curva lipêmica constante após exercício físico! 


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